Pois é. Hoje, quinta-feira, digamos que eu estou meio deprimido. E o estranho é que não é por coisas como brigas com pais, por notas baixas, nada, nada. Se é que eu estou "meio deprimido", e agora escrevendo, vejo que parece que a depressão está passando, é por algo ridículo: o save de um jogo que eu tava jogando a um bom tempo, simplesmente desgravou! Na real, até tá gravado, só que quando eu vou carregar, ele apresenta erro. É estranho como um simples jogo pode de uma hora para a outra derrubar o nosso ânimo. Porém, como disse o Mitchel esses dias, não é bom se basear em coisas deste mundo pra dizer como tá nosso humor. Quem sabe até seja isto algo que Deus esta me falando sobre jogo, sobre perder tempo ali e deixar de fazer outras coisas. Mas de boa, não que falar aqui, hoje pelo menos, sobre o que eu penso sobre jogos. Quero falar sobre o que eu ouvi logo depois. Não, não foi nenhuma voz do céu, mas simplesmente a voz de um cantor no cd do Oficina G3. Na real, eu nem gosto muito desta banda, mas como o meu cd preferido (Mitchel, olha aonde eu cheguei…) tá emprestado, tenho que me virar com esse mesmo. Ai tava ouvindo a música Indiferença, num rock calmo ótimo, que me tira um pouco a saudade do Rap, quando ouvi uma frase ali que me lembrou algo: a frase era "abra o ouvido do seu coração, o amor, gera atitude", e o que eu me lembrei de mendigos na porta de catedrais. Eu sei, parece meio como ouvir falar de furacão e se lembrar que tem prova de matemática na próxima semana, mas deixa eu explicar melhor, o que farei no parágrafo ali embaixo.
Pois bem (Mania minha de começar parágrafo com "pois"), o que eu queria falar é, na verdade, uma pergunta: porque os mendigos ficavam na porta de Igrejas e de Templos? Eu sei que tem algum anti-religioso me lendo e com certeza vai dizer que é porque perderam tudo com dízimo, ou porque o pastor pegou DEZ POR CENTO DO SALÁRIO DELES!!! :^O. Porém na realidade, o que eu vejo que eles faziam mesmo ali, ao invés de estar em prefeituras e praças, era esperando pelo tipo de pessoa que vai numa igreja. Porque? Como que deveria ser uma pessoa que vai à Igreja? Alguém misericordioso, que ama as pessoas, e que quer sempre o melhor das outras. Também por esse motivo eles deixavam crianças ali na frente, porque esperavam que fossem receber uma educação melhor que a de casa (olha o prestígio que a Igreja tinha). Por isso, valia mais a pena ficar ali do que à frente à Câmera dos Deputados (Naquele tempo já era difícil, imagina hoje com mensalão e mensalinho…). E agora, uma segunda pergunta: porque as pessoas hoje não ficam na porta de igrejas mais? Porque é difícil encontrar mendigos ali? Pois bem, se o meu leitor anti-religioso continuar me lendo agora, ele estará certo: infelizmente as pessoas não ficam mais porque a Igreja perdeu esse caráter misericordioso. Hoje, é mais normal que vejam-nos, cristãos, como pessoas tão preocupadas em si mesmas, e numa espécie de "religião", que se esquecem das pessoas nas ruas, que precisam de dinheiro. Dessa forma, o que se afasta de nossa porta não são só os mendigos e bebês sem lar, mas se afastam de nossas portas pessoas que precisam de ajuda. Elas até pensam em Igreja, mas como pensar em conseguir ajuda naquele ambiente frio? Não digo frio de Espírito nem de alegria, pois principalmente a segunda vem se tornando marca dos evangélicos, porém sim uma frieza no amor. Tem-se o culto, tem-se a reunião, o espírito toca, porém depois as pessoas se reúnem nos seus grupos e ficam tão bem ali, mas tão fechados, que fica meio ruim querer entrar ali. Por isso que muitas pessoas nem pensam em ir, porque acham que vão ser deixadas de lado, sem ninguém para conversar, para compartilhar. E fim.
Não, este não é o fim. Se este fosse um texto um pouco mais depressivo (bastava o som não funcionar para ajudar nisto), quem sabe até fosse. Porém amados, não podemos só criticar a Igreja e depois sair. Não. Temos que buscar uma resposta para este problema. E esta resposta eu acho que não se encontra bem na palavra em um versículo especial, como "A Resposta para a Igreja no fim dos tempos é…", porém sim na vida cristã e no que Cristo nos disse: no amor. Sim, o amor, deve ser algo que devemos fazer crescer em nosso meio. E que amor é este? não, não só um amor para com as pessoas de "dentro", mas para com o mundo. "Ah Rogério, na real, não viaja. Amar ao mundo, por favor, isso é heresia já!" Você pode me dizer. Porém não digo a palavra mundo no mesmo sentido que João usou em "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele" (1JO 2:15), mas sim o usado pelo mesmo João em "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (JO 3:16). Temos que amar as pessoas do mundo com o mesmo amor de Cristo, que, embora não ganhasse nada em troca, morreu pelo mundo inteiro. Temos que ter esse amor em nós, que vai até contra o "mundo" mesmo hoje. Penso que é isto que Paulo quis falar quando disse "E não sede conformados com este mundo (...)" (RM 12:2), pois o mundo hoje, acima de tudo, não possui amor. Por isto que os mendigos saíram da porta de Igrejas e estão nas ruas, às vezes, como vi semana passada, em pé no meio das pessoas, com a face triste, e com o chapéu levantado, e vários passando por ele (quem conhece a rua Felipe Schimt aqui em Florianópolis sabe como é) sem fazer nada, continuando preocupadas com a sua própria vida. Muitas vezes, por causa do frenesi que nos assola, somos também rígidos, duros, sem amor. É por esta e por outras que a Igreja precisa de tanta publicidade para conseguir tão poucas pessoas para Cristo, que, logo após alguns meses, se desviam.
A resposta, então, é, de certa forma, o que eu disse: o amor. Devemos amas as pessoas ao nosso redor, sermos compreensivos, sermos animados. Sabe, coisas pequenas como sorriso podem mudar vidas. Não, isto não é papo de livro de auto-ajuda nem daquelas mensagens diárias não. Me lembro que há alguns meses, eu voltava do aniversário do meu irmão com um camarada meu, Mateus, e ele falando que tinha visto Xuxa certa vez (Ele tava trocando de canal. Só pode ser isso! =P) e viu ali que ela falava pra dar um sorriso pra todo mundo. Então, ele foi ao colégio, e no caminho ficou sorrindo às pessoas ao redor. E muitas delas ficavam mesmo alegres, animadas, pelo sorriso. Isto, amados, demonstra um amor pelo outros, porque mesmo podendo passar de babaca, o que importa é que o outro seja ao menos feliz em seu dia. é em coisas assim, pequenas, que podemos demonstrar esse amor às outras pessoas. Também é importante prestar a atenção quando estão lhe dizendo alguma coisa, masmo que você goste tanto do que ele fala quanto eu de português (repare nos meus "porques" do texto para comprovar o meu gosto). Porque, assim, a pessoa vai saber que alguém a ouve. Muitas vezes, vi colegas de sala que faziam a maior bagunça, porém quando paravam para conversar, tinham ótimas idéias. Mas era importante parar e ouvir, o que o mundo faz muito pouco hoje (Hoje temos uma conversa surrealista, porém isto fica para outra visão alternativa). Outro ponto seria: ao ver uma pessoa com fome, ou triste, não pensar logo de cara "o problema é dela", mas se importar, perguntar, mesmo que seja para ouvir um "vai cuidar da sua vida". É obvio que não é bom chegar já dizendo "O, tira essa cara de cavalo da cara", mas sim com amor, cumprimentar e perguntar para a pessoa com tato, e querendo ajudar, mesmo que seja para ouvir uma história de horas (Há uma frase que eu acho ridícula: "O chato é aquele que quando a gente pergunta como vai, fala", de Milôr, acho, mas creio que uma pessoa sincera assim só é chata para quem não quer ouvir). "E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição." (CL 3:14)
Por fim amados, dois pontos: não devemos a partir de hoje nos preocuparmos muito em fazer isto. Por nós mesmos, digo. Devemos buscar do Senhor este amor, pedir a ele para poder amar desta forma. Ele vai nos ajudar, e então amaremos. E não seremos arrogantes, mas simplesmente teremos amor, um amor puro, sem buscar nada em troca. Na realidade, buscando em troca apenas a alegria alheia. O negar-se a si mesmo, como C. S. Lewis escreve em Screwtape Letters.
Um último ponto, que seria uma perspectiva do que acontecerá quando nós usarmos isto realmente em nossas vidas. Amados, é maravilhoso, e me tira da depressão num instante (Aliás, a música no som ajuda um pouco: é "Cante, Ó Minh'Alma"): quando a Igreja fizer isto, teremos nossas portas de Igreja abarrotadas. Mas não é de mendigos apenas, mas de pessoas de várias camadas sociais, porém em busca deste amor, desta fraternidade, deste acolhimento. E não serão só nossos templos: nossas casas também serão cheias de vizinhos em busca disto, e nós mesmos, nos ônibus, seremos disputados para sentar no lado de pessoas, pois teremos este amor em nós mesmos, teremos esta Plenitude de Cristo em nossas vidas. Será de tal forma que os Templos irão cessas, e teremos Igreja nas casas, pois serão muitas pessoas vindo a Cristo.
Porém, uma Igreja regida não por Bispos, por Apóstolos, ou Pastores. Mas pelo amor.
Deixo, por fim, dois textos, que falam muito sobre este assunto.
"AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor." (I Co 13).
"Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor. Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito. E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo." (I Jo 4:7-14).